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Okami

5 meses de silêncio. Não que eu tenha ido em retiro espiritual, ou que não tenha acontecido nada dos últimos meses (aconteceu muita coisa legal, com o tempo eu posto aqui), mas é que eu sempre esqueço de escrever =D

Mas hoje tem algo que vai quebrar meu silêncio. Na terça-feira chegou o PS2 que eu comprei de um bixo. Meu primeiro videogame! Sim, você leu corretamente, tive meu primeiro videogame com 22 anos!

Na verdade, tem uma história legal sobre isso: quando eu era pequeno a minha família foi visitar Foz do Iguaçu, e obviamente cruzamos a fronteira para ir até Ciudad del Este. Lá, a minha mãe me fez uma proposta: "O que tu prefere, um teclado musical ou um videogame?" . Como toda boa criança consciente de seu potencial, respondi "Videogame!". E ela me deu um teclado. Que, aliás, está até hoje encostado lá em casa. Não que tenha me impedido de jogar, mais tarde eu ganhei um computador e daí não teve jeito (ah, adventures da LucasArts...). Mas digresso.

Hoje quero falar sobre um jogo chamado Okami.  Ele foi desenvolvido pelo Clover Studio para o PS2, e conta a história de Okami Amaterasu, um lobo que é a encarnação da deusa da mitologia japonesa Amaterasu, e sua luta contra o monstro Orochi. Toda a história do jogo segue a mitologia japonesa, e também a arte. Entre várias características marcantes uma das mais interessantes é o uso de Cell Shading, o que contribui muito para o impacto visual do jogo.

Mas, apesar de ser de um nível técnico impressionante (existem poucos jogos tão bonitos por aí, e isso no hardware do PS2, que nem é tão poderoso assim hoje em dia), o que me chamou a atenção mesmo foi a história. Muito bem escrita, com personagens cativantes e várias referências a outras mitologias e culturas, pode-se perceber que muito esforço foi dedicado ao roteiro, algo bem raro na indústria de videogames.

Para que? O Clover Studio sobreviveu durante dois anos, e foi fechado em 2006, porque não estava dando retorno financeiro. Por que as pessoas não gostaram de Okami, apesar de toda a aclamação da crítica?

O maior defeito, a meu ver, é o início do jogo. São quase 20 minutos fazendo a introdução da história, e isso para os consumidores ávidos por ação de hoje em dia é insuportável. E nem se tem a opção de pular a introdução. Eu entendo porque eles fizeram isso, porque realmente é importante para a história, mas o mundo não é muito paciente.

Azar de quem não tem paciência, perderam um dos jogos com a jogabilidade mais curiosa que já vi. Existem 13 Brush Gods no jogo, e cada um possibilita o uso de uma técnica diferente. Para aplicar essa técnica, você pára o jogo e aparece uma tela de pintura, e usa o controle analógico para desenhar na tela. Um risco horizontal faz um corte, dois riscos tornam o tempo mais lento, um símbolo de infinito gera fogo. É simplesmente genial, e torna o jogo extremamente divertido.

O final até dá certas esperanças de uma continuação, mas infelizmente o Clover foi fechado logo após o lançamento do jogo. Uma pena, mas fica a lição final dada pelo narrador ao término do jogo, que realmente mostra uma preocupação que deveria ser mais recorrente na indústria dos videogames.

Apesar do Clover ter fechado, a Capcom portou o jogo para Wii e lançou-o no dia 15 de abril, e com o Wiimote o uso dos poderes celestiais fica muito mais interessante, porque você realmente usa o controle como um pincel e desenha na tela, e não tem que usar o direcional analógico (que é meio complicadinho às vezes...).

Farewell, Okami!